HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO

Capa do relatório


Movimento de doentes internados, operações e atendimentos


Resumo do Movimento Financeiro de 1925 a 1945


NOTÁVEIS QUE PARTICIPARAM DA HISTÓRIA DA SANTA CASA

Willie da Fonseca Brabazon Davids


Biografia

Filho do engenheiro galês radicado no Brasil, Richard Gore Brabazon Davids e de Angelina Fonseca Davids,[2] casou-se com Carlota de Mello Peixoto, filha de João Batista de Mello Peixoto, e teve dois filhos, Willie e Nellie.

Trabalhou na São Paulo Tramway, Light and Power Company e na City of Santos Improvements Co, onde seu pai havia sido engenheiro-chefe.

Foi um dos responsáveis pela criação da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná em 1920, negociando com o governo paranaense a concessão da estrada de ferro, a qual foi inaugurada em 1924 entre Ourinhos e Leoflora.

Participou, em 1927, da comissão que escolheu as terras a serem adquiridas pela Companhia de Terras Norte do Paraná. No ano de 1932, foi convidado pela Companhia de Terras Norte do Paraná para uma das suas diretorias, havendo sido um dos propulsores da colonização do norte do Paraná. Foi supervisor de projetos de estradas de ferro, de estradas de rodagem e cidades criadas pela Companhia.

Comprou terras, formando a Fazenda União para o cultivo do café.

Política

Foi eleito e reeleito prefeito de Jacarezinho e deputado estadual de 1918 a 1925. Em 1932, foi o eleito para a Prefeitura Municipal de Londrina, pelo Partido Social Democrático (PSD). Como naquela época o mandato era de cinco anos, suas atividades ocorreram de 1935 a 1940.

No primeiro ano como prefeito, a cidade enfrentou um surto de febre amarela, foi quando organizou uma missão percorrendo a mata para vacinar a população[3]. Também criou um laboratório para o preparo da vacina.

Em 1936, alguns pioneiros comandados por Arthur Thomas, Willie Davids e Antonio Camargo Ferraz fundaram uma sociedade beneficente, posteriormente denominada Irmandade da Santa Casa de Londrina. O objetivo principal era construir um hospital para atender a população. A mensalidade arrecadada, mais fundos obtidos em promoções, possibilitaram a inauguração, oito anos mais tarde, da Santa Casa de Londrina, o primeiro grande hospital da região, representando a independência da cidade na área de saúde.

Em 14 de julho de 1937, fundou o Colégio Estadual Hugo Simas, antigo Grupo Escolar de Londrina. O colégio, que nunca mudou de endereço, foi construído no terreno doado pela CTNP de frente para a Rua Pio XII, entre as ruas Prefeito Hugo Cabral e Pernambuco.

Em sua gestão, abriu estradas, construiu pontes, criou escolas municipais em Nova Dantzig (hoje Cambé), Rolândia, Arapongas e Apucarana, ampliou a rede de água encanada, instalou iluminação elétrica, encampou um matadouro municipal de gado bovino, abriu o campo de aviação no patrimônio Espírito Santo, ajardinou praças, adquiriu tratores e caminhões irrigadores e implantou serviços públicos, principalmente o de Higiene.

Foi exonerado do cargo sete meses antes do final do seu mandato pelo interventor Manoel Ribas. Ele havia sido acusado, informalmente, de ter misturado o dinheiro público com o privado.

Willie Davids não viveu muito tempo para planejar um retorno à política. Morreu em sua fazenda no dia 10 de junho de 1944.

Homenagem

Seu nome é utilizado para denominar o Estádio Willie Davids como homenagem ao homem que incentivou do progresso da região norte do Paraná.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Willie_Davids


Dom Pedro Filipak


Dom Pedro Filipak (Araucária, 26 de dezembro de 1920 — Jacarezinho, 10 de agosto de 1991) foi um bispo católico brasileiro, bispo de Jacarezinho de 1962 à data de sua morte.

Filho de Lucas Filipak e Sofia Skraba transferiu-se com sua família para Irati em 1925, onde fixaram residência. Em 1935 entrou para o seminário em Brusque, onde estudou filosofia e teologia.

Bisneto e neto de poloneses,[1] foi ordenado padre em 22 de dezembro de 1945 e sagrado bispo em 13 de maio de 1962, na Catedral Diocesana de Jacarezinho, na presença de grande multidão, autoridades eclesiásticas, autoridades civis e militares, além da presença do Governador do Estado o Sr. Nei Braga, com membros do seu governo e deputados. Dom Pedro Filipak, acalentado por grande apoio, assume no mesmo dia de sua sagração a Diocese.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Filipak


UM BREVE RESUMO DO RELÁTORIO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS PARA ASSEMBLEIA DO ANO DE 1946


SENHORES SÓCIOS DA MISERICÓRDIA DE JACAREZINHO

Depois de longo período da famoso trabalha aqui estamos a dar-vos contas devidas da administração que exercemos na Misericórdia de Jacarezinho.

Para que elas sejam, no seu máximo, claras, compreensíveis, explícitas, fizemos questão de publicar em folheto toda a história da instituição desde o início de sua existência e sobretudo no período de nossa administração, certos estamos de que uma simples leitura em assembleia, e mesmo a publicação de balancetes relatórios em jornais talvez pouco lidos, não vos deixassem inteirados do que se fez , do que se realizou, do que produzimos, do quanto arrecadamos, e como gastamos o dinheiro que sempre correu tão generosamente de nossas mãos abençoadas hoje por milhares de necessitados.

OS PRECURSORES

Em1914, entre um grupo de homens de boa vontade, nasceu em Jacarezinho o primeiro movimento de solidariedade no sentido de realizar algo de prático, que lhes permitisse abrigar, assistir e prestar cuidados médicos aos necessitados dessa então nascente cidade e da zona toda.

Eram eles o Coronel Francisco de Paula Figueiredo, Coronel Cecílio Rocha, Cav. João Batista Gervazone, Joaquim Pais de Campos e Manoel Casemiro de Oliveira Porto, que organizaram a Sociedade Beneficente de Jacarezinho.

As dificuldades a serem vencidas, a pequena população local, crise do café e de todos os demais produtos regionais, naquela época estiolaram o esforço, a boa vontade daqueles abnegados cidadãos, que realizaram apenas uma coleta cujo montante de Cr$ 633,40, foi entregue em 17 de maio de 1919 à nova organização "Misericórdia de Jacarezinho".

Aos 23 de Março de 1919 com novo esforço de boa vontade daqueles mesmos bandeirantes de Jacarezinho, em colaboração com outros elementos locais, elegeu-se nova diretoria Assim constituída:

Presidente - Dr. Leonel Pessoa da Cruz Marques.

1° Vice-presidente - Coronel Francisco de Paula Figueiredo.

2° Vice-presidente - Coronel Cecílio Rocha.

1° Secretário - Capitão Manoel Faria Valença.

2° Secretário - Phidias Borges da Cunha.

Tesoureiro - Cav. João Batista Gervazone.

Procurador - Alberto Foggiato.

A essa diretoria ficou a sociedade devendo novas sementes que frutificaram logo, com a transformação da então sociedade beneficente para " Misericórdia de Jacarezinho ", organizados e impressas estatutos e feito respectivo registro (Transcrição número 206 de 12 de Dezembro de 1919), tudo sobre a orientação criteriosa do seu primeiro presidente, desembarcador Leonel Pessoa da Cruz Marques, ilustre Magistrado , que aqui tanto dignificou sua toga. Conseguiu ainda essa diretoria angariar contribuições em dinheiro que alcançará a quantia de Cr$ 2.043,00. Nos anos de 1924 e 1925 sofreu está zona uma das mais extensas e mortíferas epidemias de impaludismo, que só tiveram símile em 1913, e só iria reproduzir -se tão forte em1941-1942. Da consternação geral aproveitar os seus poucos médicos dessa cidade para desencadear a campanha de edificação da primeira Santa Casa da vasta e uberrima Região Setentrional do Estado.

OS REALIZADORES

Estávamos então em 1925, no início da valorização do café, a quem se deveram os primeiros surtos do nosso progresso local. Com entusiasmo de todos foi eleito a nova diretoria em 7 de junho daquele ano, com elementos de significação desta cidade, da qual eram nós os menos graduado , mas que tivemos a honra da presidência.

Ficou assim constituída está diretoria:

Presidente - Dr. João Rodrigues Caldas.

1° vice -presidente - Dr. Gustavo Lessa.

2° vice -presidente - Major José Infante Vieira.

1° secretário - Dr. Gilberto Freire.

2° secretário - Dr. Willie da Fonseca Brabazon Davids.

Tesoureiro - Cel. João Carlos de Aguiar.

Procurador - Jorge Melco.

Nas assembleias posteriores foram substituídos alguns nomes e na última foi eleita a diretoria atual que venha muito orientando os destinos da associação e que está assim constituída:

Presidente - Dr João Rodrigues Caldas.

Primeiro vice-presidente - Dr Gustavo Lessa.

Segundo vice-presidente - Epaminondas Sampaio Dória. Tesoureiro - Henrique Setti. Primeiro secretário - Antônio Augusto Fernandes.

Segundo secretário - José Leonidas Rocha.

Primeiro procurador - Pedro Vilela

Segundo procurador - Vicente Cortez.

Desde 7 de junho de 1925 até hoje à frente do destinos da nossa Misericórdia de Jacarezinho, durante esses 20 anos, temos tido dentro delas mais ilimitados poderes, e mais que isso sentimo-lo bem, o apoio integral dos nossos com concidadaos ,certo entretanto, de que daqueles poderes jamais abusamos, procurando sempre, em constante e ininterrupto trabalho, prover a Instituição dos seus elementos materiais de vida , assim como buscando esse entendimento e essa harmonia indispensáveis entre os colegas que conosco quiseram trabalhar , entre nós outros e as religiosas sempre respeitadas e acatadas, como ainda mais, com o próprio pessoal subalterno, com o que realizamos o equilíbrio necessário ao nosso desideratum que foi sempre servir os necessitados.

Nesse longo período de nossa gestão o que foi o nosso esforço, a nossa boa vontade, o trabalho contínuo, eu bem sei que está tudo isso na consciência de todos. Só quando de nossa longa ausência fora do país esquecemos a tarefa diária, religiosamente cumprida da nossa visita aquela casa que tanto amamos, e onde nunca tivemos uma manhã de férias. Ausente, porém, da nossa tenda de trabalho o ritmo da operosidade benfazeja, honesta e denteressada que ali se pratica, não foi interrompido, cabendo ao meu substituto Dr Gustavo Lessa esse mister que sempre exerce com aquela abnegação e aquele desprendimento que são virtudes intrínsecas que todos nós admiramos.

CONSTRUÇÃO DO HOSPITAL

Recebido da diretoria que nos antecedeu o montante de caixa de então que era de Cr$ 2.043,80, ano e meio depois de eleitos tínhamos em mãos cerca de Cr$ 100.000,00 o que nos animou a dar início às obras da construção do Hospital da Misericórdia de Jacarezinho, cuja pedra fundamental foi lançada em 1° de janeiro de 1927 em terrenos doados pela firma Setti & Dória e pela família Rosa. A execução da planta obtida gratuitamente pelo Dr Willie Davids, no escritório do Dr Alexandre Marcondes Machado, ficou a cargo do Construtor Henrique Tocolino que levou as obras a seu termo, sem interrupção.

Era um trabalho magnífico esse de angariar fundos necessários , de todos recebendo generosas contribuições . Lembramos-nos com saudades do interesse com que a todo recorríamos, sempre atendidos, sempre aplaudidos nas nossas pequenas festas beneficentes, nas quais tanto ficaram a dever-os os pobres à Mulher do Jacarezinho.

Assim, com o esforço daquela diretoria, de que era figura máxima o nosso nunca esquecido benfeitor Coronel João Carlos de Aguiar, terminados em 1929 a construção do Hospital da Misericórdia de Jacarezinho no qual se despendeu a quantia de Cr$ 272. 908,00 ,contribuição quase exclusiva do público generoso da terra. O governo do Estado, em junho de 1928 fez um donativo de Cr$20.000,00 a título de auxílio à construção do hospital, verba incluída no orçamento por proposta do então Deputado Dr.Gustavo Lessa.

Estamos em 1929, com o prédio pronto , alguma mobília e material hospitalar, como que já gastas as capacidades locais, quando a crise econômica daquela época arrefeceu o nosso entusiasmo. Exitantes durante algum tempo, aguardavamos o momento oportuno para novo esforço final, quando a Revolução de 1930 força a abertura da casa para hospitalização dos feridos de guerra da zona. Sem dúvida não foram os pequenos os serviços prestados pelo novo hospital de campanha, militarizado então, o único na região em condições de prestar serviços a vasta zona onde o encontro de tropas adversas, em luta sangrentas, foi dos maiores daquele movimento revolucionário. Terminada essa convulsão interna, ficaram ainda na Santa Casa, mutilados de guerra, e alguns doentes que , afinal, meses depois foram removidos para hospitais diversos, e fechamos novamente estabelecimento.

ABREM-SE AS PORTAS DO HOSPITAL

Em 20 de dezembro de 1931 abrimos definitivamente hospital para não mais durante esses 14 anos fechar suas portas, sempre recebendo a vasta população regional, a qual tem prestado imensos serviços, o que será fácil avaliar-se pelos números em quadros anexos, que tudo esclarecem. Durante longo período, o único hospital de toda a região, éramos forçados ao acolhimento de todos os indigentes do nosso município, dos de Santo Antônio da Platina , Joaquim Távora, Quatiguá, Colônia Mineira, Wenceslau Braz, Carlópolis, Cambará, Bandeirantes, Cornélio Procópio e mesmo Londrina, excluindo-se entre os nossos vizinhos apenas Ribeirão Claro que veio a possuir como possui ainda seu hospital.

Nos anos últimos o ótimo e grande hospital de Londrina deteve para seus cuidados e sua assistência a vasta região hoje tão populosa, que fica em sua circunvizinhança, e a que se estende para diante dos trilhos daquela cidade. Cambará também construindo sua Santa Casa desafogou-nos de doentes do seu próprio município e das populações que lhe ficam para o Oeste. Finalmente Santo Antônio da Platina com seu estabelecimento regular funcionamento, há dois anos nos desobrigou dos seus municípios indigentes e na zona que ele fica mais para o sul.

Apesar desse progresso regional em matérias de construção hospitalar particular, apesar dos três bons hospitais construídos e municípios do norte do Estado, continuam Misericórdia de Jacarezinho a receber de todos os nossos vizinhos doentes indigentes, por certo agora em menor número. Apesar disso tudo, porém, continuam nossos leitos permanentemente ocupados e mais que isso, o hospital sempre super lotado.

Em 1932, nova convulsão interna instala no país com a revolução Paulista . Requisitada a Santa Casa, militarizou-se novamente o hospital, que ficou servindo as tropas em luta nessa zona. Durante esse período foram internados 280 doentes. Nada recebemos do Governo Federal por estes serviços.

AUXÍLIOS E SUBVENÇÕES

Sobrevive a Misericórdia de Jacarezinho amparada pela subvenção do Governo do Estado, do município de Jacarezinho e de municípios vizinhos, enquanto esses não construíram seus hospitais. Mais que isto, aparece ainda no nossa receita e contribuição de sócios, donativos diversos em dinheiro e em espécie, e finalmente a nossa maior renda que é obtida com doentes pagantes, internados no hospital.

A contribuição dos sócios que se mantém ainda em Cr$ 5,00 por mês, assim como a renda do hospital por doentes pagantes internados, são recebidas pela Irmã Superiora que tudo discrimina na folha de pagamento mensal da Casa, escriturada depois e arquivada pelo nosso inexcedível 2° Secretário José Leonildas Rocha.

Todas as fontes de renda que procuramos ter, tudo arrecadado, deixa-nos ainda em grande déficit pois, para 4 doentes contribuintes temos sempre 50 indigentes.

Do governo Federal só por duas vezes, em 1940 e 1941 recebemos um total de Cr$ 20.000,00. São tais e tantas as dificuldades e exigências sempre criadas por esse poder, que depois de anos perdidos em tentativas frustradas nos rendemos a impossibilidade de algo conseguir.

Das importâncias recebidas como subvenções o quadro geral mostra com exatidão o total coletado ano por ano.

A COBRANÇA DO I.A.P.C.

É do domínio público à situação criada pelo I.A.P.C. que nos cobrou a contribuição dos funcionários da casa, contribuição que iria centenas de cruzeiros por mês. Sempre vimos com formol antipatia tal cobrança pela circunstância de que esses empregados, em sua grande maioria eram pessoas sem estabilidade, todas humilimas criaturas, verdadeiros encostados, prontos sempre a aceitar a primeira situação de melhores vantagens lhe oferecessem, e com o cujo pagamento ao I.A.P.C. , nem eles nem estabelecimento jamais se beneficiariam. Assim, por nossa responsabilidade única, resolvemos não contribuir para o IAPC ,o que resultou em uma execução judicial que chegou até a entrega de bens e penhora. Deixamos que tudo corresse em juízo a revelia, e afinal ficar os altos estagnados em cartório. Verdade é que temos entre nossos documentos numa representação feita ao Excelentíssimo Senhor chefe de Governo de então, para quem apelavamos, e cremos que de lá partiu alguma providência, que susteve as pretensões do I.A.P.C. de levar à praça o hospital, que fizemos para os necessitados que nos estendem a mão.

Felicitamo-nos pela resistência oposta a esses pagamentos, que montariam a milhares de cruzeiros sem benefício algum às partes contribuintes, empregados e empregadora.

DONATIVOS

Recebemos com regularidade, anualmente, do D.N.C., 30 sacos de café da distribuição que essa autarquia faz as instituições de caridade. Em 26 de dezembro de 1934 e em outubro de 1941 estes donativos foram de maior vulto, Isto é, 300 sacos recebidos no Rio de Janeiro por Leon Israel &Cia nossos procuradores. Conforme exigência do D.N.C. reservamos sempre estes donativos para consumo da casa e ficamos então à vontade para vendermos dezenas de sacos que anualmente recebemos como donativos dos produtores e dos comerciantes .

Consignamos aqui o contentamento pelos benefícios que recebemos da Legião Brasileira de Assistência. Foram colaboradores excelentes para que tal conseguimos as senhoras Aparecida Figueiredo e Nascimento, chefe do centro daL.B.A. nesse município; Olga Bevilaqua , diretora da secretaria de L.B.A. em Curitiba e ainda o Dr Ângelo Lopes e sua senhora Rosina Lopes, Presidente da L.B.A. no estado do Paraná. Vieram -nos às mãos pela L.B.A. Cr$ 20.000,00 em 7 de maio de 1945, e Cr$ 100.000,00 em 6 de novembro de 1945. Estas importâncias estão e sempre estiveram em depósito, rendendo juros na agência local do Banco do Brasil.

Longe de Jacarezinho, sem observação pessoal do que fazemos, a instituição tem no Rio de Janeiro na pessoa do Comendador Paulo Felisberto Peixoto da Fonseca um dos seus melhores benfeitores. p

Por três vezes já, em 3 de dezembro de 1941, em 3 de dezembro de 1944, em 3 de dezembro de 1945, recebemos da generosas mãos do Comendador a quantia total de Cr$ 17.000,00. Aqui expressamos a nossa gratidão a esse nosso benfeitor, um dos maiores filantrópicos do Brasil, que tem dezenas de milhões de cruzeiros distribuídos às instituições de Caridade do país.

Em 1941, quando da festa comemorativa do decênio da inauguração do hospital, puseram-se à frente de um movimento para angariar donativos os concidadaos Dr Ruy Mendes Pimentel e Agostinho Setti. Dados o conceito e reputação que tem esses benfeitores da Misericórdia de Jacarezinho, o resultado previsto foi de muito excedido. Em 30 dias entregaram eles aos nossos cofres a quantia de 124.088,00, conforme mostra o balancete daquele ano. Não temos expressões para agradecer-lhes a iniciativa, a mais fecunda que já tivemos, assim como a todos contribuintes grandes e pequenos daquela célebre coleta que tomou o nome da Contribuição de Natal.

SERVIÇOS PÚBLICOS

Embora desde o início do funcionamento do hospital tivéssemos nosso abastecimento de água privativo, por doação de uma fonte feita pelo Major José Infante Vieira , quando da instalação do serviço público de água e esgoto, nessa cidade, foram obrigados a estabelecer a nossa ligação com a rede pública daquele serviço o que realizamos em agosto de 1939. despendemos com respectiva ligação a quantia deCr$10. 943,50 . Não obtivemos do Governo do Estado , a gratuidade solicitada para a água do nosso consumo. Assim a taxa sanitária " água e esgoto" que se incide sobre nosso prédio, trimestralmente, é de Cr$ 126,90 ou sejam Cr$ ,

507,60 por ano, o que nos dá o direito a um consumo de 2.100 litros diários de água. Não nos basta esse limite, de sorte que vivemos no regime dos excessos, que tem sudo de 900 metros cúbicos por trimestre, ou seja, um consumo diário de 10 metros cúbicos. A despesa média trimestral do consumo em excesso é de Cr$ 360,00 ou mensal de Cr$ 120,00. A despesa média total de água na Misericórdia, é de Cr$ 162,00 mensalmente, ou seja Cr$ 1.944,00 anualmente.

Desde novembro de 1939 obtivemos gratuitamente da Cia. Luz e Força "Santa Cruz" a energia motora e a luz que consumimos. Representa isso notável economia, tendo a Cia. estabelecido um máximo de 309 KWH mensais, para nosso consumo. Isento de pagamento. Nunca alcançamos aquele máximo doado. Consignamos aqui os nossos agradecimentos à Cia. Luz e Força "Santa Cruz".

A Cia. telefônica local desde quando ainda em mais do dr Meirelles, presta -nos seus serviços gratuitamente. Sua sucessora , Cia. Telefônica Paranaense mantém o mesmo favor . Somos igualmente gratos a ambas.

De todas as autoridades locais recebemos sempre todo apoio assim como auxílios que continuamente solicitamos. Quero porém ressaltar e agradecer ao prefeito Dr. João de Aguiar a solicitude, boa vontade e carinho com que sempre no seu longo governo, nos prestou seus inestimáveis serviços.

Manda o dever que aqui consignemos, a nossa gratidão ao interventor Sr. Manoel Ribas a quem tantas vezes recorremos solicitando favores oficiais, sempre atendidos.

Agradecemos ainda a família Rosa por nos ter permitido ocupar e explorar a vasta área dos terrenos de sua propriedade anexos a nossa sede.

IRMÃS VICENTINAS

A vida espiritual da Misericórdia de Jacarezinho faz-se sobre orientação das Irmãs Vicentinas e naturalmente dos fundamentos e práticas da religião católica do seu apostolado, abraçada aliás pela imensa maioria das nossas populações. É porém, dos nossos estatutos a exigência de recebermos, acolhermos e assistirmos a todos os pobres sem distinção de credos. Assim agem as nossas religiosas, naturalmente aproveitando as oportunidades e se esforçando sempre na sua catequese, para a conquista de uma alma para fé e o credo de sua religião, que as levou ao sacrifício santificante do dever a que se entregam.

Não creio seja possível, em um estabelecimento como nosso, sua sobrevivência sem enfermagem e sobretudo sem administração de religiosas. A orientação leiga só é possível em hospitais do governo, com verbas à larga, ou nos estabelecimentos particulares, como indústria que são ,por que dos doentes pagantes terá de sair todo o necessário para a existência da casa e os lucros forçados do comércio. Em um hospital de caridade, sem receita prevista com segurança, sem verbas certas, as medidas de economia não podem ser esquecidas. O êxito de nossa eficiência é pois em grande parte devido as Irmãs de São Vicente, que desde a nossa inauguração nos emprestam sua benfazeja operosidade. Não nos foi fácil consegui-las, e este favor estamos a dever a Dom Fernando Taddei ,primeiro Bispo desta diocese e nosso grande benfeitor. Assim desde o início do funcionamento da Misericórdia de Jacarezinho, em 1931, tivemod sempre como superiora a irmã Louvel que aqui, no anonimato de sua vida modesta, durante 12 anos, serviu aos pobres servindo a Deus, no mais sublime dos apostolados. Aliava a esse espírito de caridade notável inteligência e grande energia, postas ao labor incessante, entregue sempre ao bem dos nossos pobres. Há dois anos com imenso pesar para a sociedade de Jacarezinho e para nós, todos vimos partir nossa irmã Louvel, chamada para gerir outro estabelecimento em Petrópolis. Substituiu-a desde 30 de outubro de 1943 a atual superior a irmã Figueiredo, que segue as pegadas de sua antecessora, colhendo os mesmos frutos que tanto beneficiam os nossos indigentes. São suas companheiras do mesmo trabalho, atualmente, Irmã Maria, Irmã Luiza e Irmã Vicência, essa tríade enfatigavel , distribui bondade e desinteresse do seu apostolado cristão.

OS MÉDICOS

As portas do nosso modesto hospital estiveram sempre aberta aos profissionais dessa cidade, assim como das vizinhas internando eles seus doentes particulares a primeira requisição feita. Nunca estabelecemos distinções entre esses colegas, aficionados nossos ou não, a todos emprestando até o nosso concurso extra profissional, para que nada lhes faltando, mais completo lhes fosse o êxito.

Na cidade tivemos sempre a colaboração de distintos colegas que nos emprestaram seu eficiente concurso, por prazos variáveis, mas sendo do nosso dever a todos expressar os maiores agradecimentos da Instituição.

Consignemos o nome dos que prestaram seus serviços a Misericórdia de Jacarezinho: Dr. Homero Braga, Dr Saul Chaves, Dr. Apocalipse Junior, Dr. Bernardi, Dr. Lopes Correa, Dr. Lamberto Laynes, Dr. Tomaz Raposo, Dr. Homero Cordeiro e Leonidas Ferreira, Dr. Oscar Lemos , Dr. Gabinio de Carvalho, Dr. Jayme Pericas, Dr. Rugério Cersosimo, Dr. Ary Teles. Dr. Moraes e Melo, Dr. Abílio Abreu, Dr. Renato Quintanilha, Dr. Jorge Daher, Dr. Inácio Paraná, Dr. Hirio Peterli, Dr. Gustavo Lessa nosso vice -presidente, Dra. Julieta de Souza e D. Anita Guimarães Carvalho com seus dedicados serviços às puerperas, Dr. Abdon de Araújo e Dr. Armando Petreli. Estes dois últimos, afastados de nossas atividades em comum por motivo de mudança dessa cidade , deixaram fundas saudades na nossa vida profissional sobretudo dentro da Misericórdia de Jacarezinho. A Armando Petrelli somos gratos pela sua agradável e convivência, pela sua proficiência e sobretudo pela sua capacidade organizadora. Abdon de Araújo durante 11 anos de 1933 a 1944 foi permanentemente nossos competente cirurgião, aplaudido por centenas de doentes que lhe passaram pelas hábeis mãos.

Dos serviços públicos sediados em Jacarezinho, Centro de Saúde, Serviços Nacionais de Malária e Tracoma, respectivamente entregues a competente direção dos Drs. Yolando Batista , Ary Lobo e Froes da Mota, recebemos sempre todo auxílio e colaboração que cada um de nos pode trazer a esfera de suas atribuições.

MEDICAMENTOS

A Misericórdia mantém uma farmácia a cargo da irmã Luiza Fontoura para atender o receituário de doentes indigentes internados. Compramos no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Curitiba o que necessitamos para nossa farmácia. As faltas de emergência são supridas nos estabelecimentos locais havendo rodízio mensal para cada um deles.

Os doentes contribuintes internados fornecem-se nas casas de sua preferência. Por solicitação nossa e de médicos do hospital recebemos dos depositários droguistas e laboratórios abundante contribuição em produtos farmacêuticos, o que representa notável economia.

HOMENAGENS

Em primeiro de junho de 1933 a morte do Coronel João Carlos de Aguiar, nosso Tesoureiro, cobriu de luto a Misericórdia de Jacarezinho, como também a todos os seus colaboradores naquela obra, de que foi ele o maior fator. A instituição devia-lhe então a quantia de Cr$24.203,68 restante do crédito de maior importância, por esse benfeitor adiantado para construção do hospital. Por testamento "in extremis" beneficiou-nos ele com aquela importância que foi doada a Instituição. Morto nosso maior benfeitor, a quem prestamos a singela homenagem de seu retrato em nossa sede, sobreviveu-lhe, anos, sua venerando esposa, dona Elisa Correia de Aguiar, que religiosamente continuou a distribuir aos nossos pobres, à nossa Instituição, os frutos de sua caridade . Não houve dia em que naquela casa não entrasse pelas mãos de dona Elisa Correia de Aguiar, uma dádiva , uma contribuição, fossem milhares de cruzeiros ou mesmo copo de leite. Aqui rendemos aos nossos máximos benfeitores d. Eliza Correa de Aguiar e João Carlos de Aguiar o nosso maior preito de gratidão. As suas mortes deve ter confrangido os pobres os deserdados de Jacarezinho, e todos aqueles que desses benfeitores receberam tanto, chorarão os seus desaparecimentos com lágrimas que são de gratidão e que hão de molhar por certo a terra de seus túmulos. Na assembleia geral de 4 de abril de 1932 por proposta do doutor Gustavo Lessa foi muito justamente conferido ao Coronel João Carlos de Aguiar o título de " Grande Benfeitor da Misericórdia de Jacarezinho".

Dos fundadores da primitiva Sociedade Beneficente de Jacarezinho, sobrevivem apenas o Coronel Cecílio Rocha , Coronel Francisco de Paula Figueiredo e Phidias Borges da Cunha.

Dos benfeitores da Misericórdia de Jacarezinho são mortos os seguintes: Doutor Fernando Eugênio Martins Ribeiro, Don Fernando Taddei, Don João Braga, Cel. João Carlos de Aguiar, Cel. Antônio Leôncio de Castro, Dr. Willie da Fonseca Brabazon Davids, Dr. Gabriel Ribeiro dos Santos, Major Antônio Barboza Ferraz Júnior. As suas lembranças se eternizam na memória da Instituição e dos necessitados que tantos benefícios deles receberam.

Sobrevivem continuando a emprestar a Instituição seu apoio material e moral os seguintes benfeitores: Henrique Setti & Irmão, Infante & Irmão, Melco & Irmão, Tomáz Taylor, Cav.Vicente Sabino, Irmãos Cordeiro, Epaminondas Sampaio Dória e Dr João Rodrigues Caldas.

ASSISTÊNCIA MÉDICA INTERNA

O hospital mantém constantemente, em média 50 enfermos indigentes. Vive pois, superlotado. As condições de conservação da casa não são boas. Há muito temos a preocupação de modernizá-la, mas a situação criada pela guerra , com o apavorante alta da mão de obra e de materiais de construção, faz com que venhamos procastinando medidas que se impõe. Aliás essa atitude da Diretoria da Misericórdia de Jacarezinho, que tem a sua frente médicos, é atestado de que dentro daquela casa não os anima interesse próprio ,subalterno, com o qual poderiam preparar o ambiente melhor para os proventos da clínica privada. Nunca assim pensamos porque sempre quisemos e sempre propagamos que Hospital é dos pobres e para os pobres.

Na precariedade das nossas instalações e mesmo das nossas verbas, os indigentes sempre tiveram boa assistência, com bom regime alimentar e todos os medicamentos de que necessitam.

A assistência médica lhes é prestada por dedicados profissionais, e assistência moral a mais confortadora que encontram sempre nas nossas religiosas com a presença de um sacerdote da Congregação dos Palotinos que traz à casa e aos doentes seu ofício religioso com todo o conforto espiritual.

A estatística do obituário quer dos casos clínicos quer das intervenções cirúrgicas, mostra a competência com que são os indigentes assistidos, apesar do fator desfavorável, de péssimas condições com que se internam eles tão frequentemente.

É imprescindível, porém, que adaptemos já o nosso Hospital as condições do nosso foro de cidade que se moderniza, que progride, devemos consequentemente nesse sentido agir sem tardança, ampliando as instalações, construindo a maternidade, salas de cirurgia, assim como a capela e o apartamento das religiosas. Para o início destas obras que são de vulto, deixamos em caixa quantia que deve animar o empreendimento.

AMBULATÓRIO

A Misericórdia de Jacarezinho mantém seu consultório da Policlínica . São atendidos assim, na nossa sala de banco centenas de doentes mensalmente que recebem consultas, injeções e curativos, como mostra o anexo de folhas.

Fornecemos aos consulentes do ambulatório quando são de todos os indigentes os medicamentos necessários.

São atualmente médicos efetivos do hospital os Drs. Etelvino Bueno de Oliveira, provecto clínico e o Dr Otávio Paes de Barros competente cirurgião, ambos dedicados profissionais aos quais deve a Instituição relevantes serviços .

ESTADO ECONÔMICO E FINANCEIRO

A Misericórdia de Jacarezinho só tem um credor, a Casa Saldanha no Rio de Janeiro, a quem devemos a importância de Cr$ 8.412,40.

Todas as demais compras tem sido liquidadas mensalmente.

O balanço geral fechado em 31/12 /1945 que a este vai anexo mostra o saldo de Cr$ 197.619,10 em depósito na Agência local do Banco do Brasil e Cr$ 2.170,10 em mãos do Tesoureiro, ou seja um total de Cr$ 199.789,20.

Opatrimônio da Instituição tem hoje o valor de Cr$ 500.000,00 representado pela área de 6.645,20 metros quadrados,o edifício do hospital, suas instalações, e maís duas datas e uma casa situada à Avenida Manoel Ribas, doação feira pelo Cel. Francisco de Paula Figueiredo.

Eis o relato de seus credores e com qual pensamos ter feito o histórico da Instituição e vos dado as contas que vos devíamos. Os livros da Misericórdia estão em perfeita ordem que lhes dá o nosso 2° Secretário José Leonildas Rocha, técnico em escrituração, tendo ainda a Instituição contratado o guarda -livros, Sr. Vicente Pugliesi, que fez o levantamento geral da escrita, a catalogação dos documentos e os dados de estatística e balancetes que vão anexos, tudo supervisionado pelo capricho profissional e a dedicação do nosso benfeitor José Leonildas Rocha.

Toda a documentação, guardada em arquivo na missa sede está ao dispor de quem queira examinar .

Ao encerrarmos este relatório , sentimo-nos com o direito e no dever de pedir à Assembleia que faça justiça proclamando alguns nomes como benfeitores da Instituição, que deles recebeu ininterrupta colaboração representada por valiosos donativos, em dinheiro ou em constantes serviços. São eles :

Irmã Louvel

D. Anita Setti

D. Adelia Setti

José Leonildas Rocha

Dr. Ruy Mendes Pimentel

Comendador Paulo Felisberto Peixoto da Fonseca

Dr. Gustavo Lessa

Leon Israel & Cia

Damasco Tito da Mota Paes

Amin Jorge Pedro

Cel. Francisco de Paula Figueiredo

Ivo Leão

Benedito Moreira

João Alfredo Nogueira

Ageo Fleury da Silveira

João Batista Nogueira